Lívia estava sendo consumida pelo desespero. Tinha fome,
sede, sentia-se fraca. Caminhava pela praia do Gonzaguinha, próximo a São
Vicente, não havia quase ninguém na praia naquele horário. Próximo àlgumas pedras
havia um casal namorando. Lívia aproximou-se deles com fome. “Que cheiro é este Érica? O que você está
usando?” “Não sou eu, Rodrigo.” O casal podia sentir o cheiro de Lívia, mas não sabiam identificar o que era. Lívia
não conseguiu conter-se, suas garras apareceram, suas pupilas ficaram verticais
e ela tomou a forma de uma grande gata negra. Apesar de não poder ser vista pelo casal, eles
podiam pressentir a presença de alguém ou de alguma coisa estranha. Lívia preparou o bote, mas antes do salto uma mulher muito
bela, em forma de espectro apareceu para ela, impedindo-a momentâneamente de atacar.
“Meu nome é Kara, sou
uma valquíria. Cirus me pediu que viesse para orientar você. Sua missão é muito especial, como ele
já deve ter adiantado. Sou apenas uma serva encarregada de orientá-la em
suas escolhas.” Dizia Kara com uma voz angelical. “Mas que escolhas? A fome e a sede me consomem, não tenho forças para
lutar contra isso.” Lívia aparentava sofrimento e desespero. “Nem deve lutar contra os instintos que
lhe foram dados, mas tem que saber escolher, nossos guerreiros devem ser audazes
e psicologicamente fortes. Rodrigo é um fraco. Érica não, é uma mulher
perspicaz e inteligente; pode nos ser muito útil. Alimente-se apenas daqueles
que possam ser bons soldados para compor nosso exército. A grande batalha está
próxima.”
Lívia não podia mais suportar a fome. Como uma voraz felina, materializou-se para o casal, puxou Érica para as pedras, dilacerou seu
pescoço e tomou todo o seu sangue, jogando os restos mortais no mar. Rodrigo,
como grande covarde que sempre foi, corria desesperado rumo à avenida. Ninguém
iria acreditar no que tinha acabado de presenciar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário