quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Episódio 14


“Sr. Bernardo, tem mais uma moto próximo a sua vaga de garagem atrapalhando a passagem de outros veículos. Por um acaso ela pertence algum de seus hóspedes?” Perguntou Rubens, o porteiro. “Não, Rubens, não pertence a ninguém daqui de casa.” Respondeu Bernardo. “É minha, precisarei dela enquanto estiver aqui.” Bernardo surpreendeu-se com a voz grave atrás dele. Virou e deparou-se com um enorme lobo cinza de aparência monstruosa. O lobo então foi tomando a forma de um homem de meia idade, cabelos grisalhos, alto, com músculos definidos e traços duros.
“Você parece surpreso, Bernardo, não deveria. Sou Fenris, o deus. Precisei vir pessoalmente, já que, pelo visto, seu pai não lhe ensinou nada de como ser um líder. Diga, para o porteiro não tocar em minha moto e olhar novamente porque ela não está impedindo a passagem de nenhum veículo.”
”Desculpe Rubens, esta moto é nossa sim e já está estacionada corretamente.” Disse Bernardo gentilmente ao interfone. Rubens olhou perplexo para a vaga da garagem. A moto agora estava estacionada atrás da de Bernardo. Ele não havia escutado barulho nenhum na garagem. Não entendia como duas motos poderiam ter sido manobradas tão rápido. Não viu ninguém na garagem. “Desculpe Sr. Bernardo, mas como...?”
A arrogância de Fenris havia desequilibrado emocionalmente Bernardo, principalmente pelo fato de ter criticado seu pai, um sujeito de índole e moral admiráveis. A raiva fazia com que Bernardo tivesse começado uma transformação. Seus olhos estavam cobertos pela negra membrana e seu corpo começava a cobrir-se de pelos.
“Vê o que eu digo! Às vésperas de sua coroação não consegue nem dominar seus instintos mais primários. Você ainda é um fraco e tem muito que aprender. Se  Marcius não lhe ensinou nada, eu ensinarei.”
Neste momento Bernardo já estava na forma do lobo branco preparando o bote para Fenris. Imediatamente uma força invisível jogou-o para o alto. Quando caiu sentia-se sufocar, como se alguém apertasse seu pescoço. “Obrigada pela lealdade Marie, mas este cãozinho não é capaz de me atingir. Entendem agora porque foi necessário que eu viesse pessoalmente?  

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