“Sr. Bernardo, tem mais
uma moto próximo a sua vaga de garagem atrapalhando a passagem de outros
veículos. Por um acaso ela pertence algum de seus hóspedes?” Perguntou Rubens, o porteiro. “Não, Rubens, não pertence a ninguém daqui
de casa.” Respondeu Bernardo. “É minha,
precisarei dela enquanto estiver aqui.” Bernardo surpreendeu-se com a voz grave
atrás dele. Virou e deparou-se com um enorme lobo cinza de aparência monstruosa.
O lobo então foi tomando a forma de um homem de meia idade, cabelos grisalhos,
alto, com músculos definidos e traços duros.
“Você parece surpreso,
Bernardo, não deveria. Sou Fenris, o deus. Precisei vir pessoalmente, já que,
pelo visto, seu pai não lhe ensinou nada de como ser um líder. Diga, para o
porteiro não tocar em minha moto e olhar novamente porque ela não está
impedindo a passagem de nenhum veículo.”
”Desculpe Rubens, esta
moto é nossa sim e já está estacionada corretamente.” Disse Bernardo gentilmente ao
interfone. Rubens olhou perplexo para a vaga da garagem. A moto agora estava
estacionada atrás da de Bernardo. Ele não havia escutado barulho nenhum na
garagem. Não entendia como duas motos poderiam ter sido manobradas tão rápido.
Não viu ninguém na garagem. “Desculpe Sr.
Bernardo, mas como...?”
A arrogância de Fenris havia desequilibrado emocionalmente
Bernardo, principalmente pelo fato de ter criticado seu pai, um sujeito de índole
e moral admiráveis. A raiva fazia com que Bernardo tivesse começado uma
transformação. Seus olhos estavam cobertos pela negra membrana e seu corpo
começava a cobrir-se de pelos.
“Vê o que eu digo! Às
vésperas de sua coroação não consegue nem dominar seus instintos mais
primários. Você ainda é um fraco e tem muito que aprender. Se Marcius não lhe ensinou nada, eu ensinarei.”
Neste momento Bernardo já estava na forma do lobo branco
preparando o bote para Fenris. Imediatamente uma força invisível jogou-o para o
alto. Quando caiu sentia-se sufocar, como se alguém apertasse seu pescoço. “Obrigada pela lealdade Marie, mas este cãozinho
não é capaz de me atingir. Entendem agora porque foi necessário que eu viesse
pessoalmente?
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