segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Episódio 8

Bernardo tentava se concentrar no trabalho, mas não conseguia. Saiu para almoçar e resolveu passar na casa de Lívia. Tocou o interfone mais ninguém atendeu. Com uma facilidade de atleta, pulou a grade de mais de dois metros e foi entrando. Tudo estava no mais pleno silêncio. Subiu as escadas. A porta do quarto de Lívia estava entreaberta. Pode vê-la dormindo de bruços. Seus longos cabelos negros espalhavam-se pelo travesseiro e pela cama. Aproximou-se silenciosamente. Podia sentir seu cheiro doce. Como um animal curioso, apoiou suas mãos sobre a cama, tentando observá-la mais de perto. Os pelos do corpo de Lívia se eriçaram novamente, era quase imperceptível, mas Bernardo conseguia notar. Assustada ela virou-se de costas e deparou-se com Bernardo olhando-a curioso. Suas pupilas estavam gigantes e verticais. Com um salto derrubou Bernardo no chão colocando suas grandes garras em seu pescoço.
“Hei, hei, hei, sou eu, seu amigo Bernardo.” Os olhos de Lívia foram voltando ao normal, as unhas diminuíram e como por encanto ela desapareceu em frente aos olhos de Bernardo. Apenas seu perfume permanecia no ar.
Os acontecimentos dos últimos dias o estavam deixando atordoado. Voltou para a oficina, mas não conseguiu mais concentrar-se nas motos. Ligou seu computador e foi pesquisar mais sobre gatos.
Na mitologia nórdica, a deusa Freya, a qual possui uma carruagem puxada por dois gatos, que representavam as qualidades da deusa: a fertilidade e a ferocidade. Esses gatos exibiam as facetas do gato doméstico, ao mesmo tempo afetuosos, ternos e ferozes. Os templos pagãos da região nórdica eram frequentemente adornados com imagens de gatos.

Bernardo continuava perplexo com as coisas que descobria em sua pesquisa. Enquanto isso, Lívia andava pelas ruas de Santos desorientada. Passava pelas pessoas e ninguém podia notá-la. A fome e a sede lhe consumiam.

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