A sensação era de desespero. Lívia sabia que tinha que aguentar
o máximo que pudesse, pois se deixasse de ser espectro os lobos a encontrariam
e a matariam.
Bernardo voltou a casa de Lívia sozinho. Atravessou a cozinha
e próximo à porta do quintal disse: “Sei
que você está aqui. Posso sentir seu cheiro. Eu jamais permitirei que matem
você, mas ainda não tenho poderes suficientes para agir contrário às ordens de
Fenris. Vá embora para bem longe da Mata Atlântica. Minha coroação está
próxima, quando eu estiver mais forte poderei lutar de igual para igual com
Fenris, e ele não poderá mais me dar ordens. Salve-se, porque não suportarei
vê-la morrer.” Bernardo estendeu a mãos como se tocasse no rosto de alguém.
Lágrimas reais escorriam por entre seus dedos e pelo seu rosto. Beijou a
própria mão, sentindo o gosto salgado das lágrimas de Lívia. Neste momento
sentiu uma sensação estranha, como se todo o seu corpo estivesse adormecido.
Depois veio o formigamento e voltou ao normal.
O perfume de Lívia não estava mais presente no
ar. Bernardo sabia que ela tinha partido e levado junto um pedaço de seu
coração.
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