Os acontecimentos dos últimos dias tomavam conta da mente de
Bernardo tirando-lhe completamente o sossego. Só havia uma maneira de
esclarecer aquilo tudo, e a chave era Lívia. Ele sabia que coisas muito
estranhas estavam acontecendo, que Lívia não era a mesma, e que talvez
estivesse realmente correndo algum tipo de risco perto dela, mas a curiosidade
e algo mais inexplicável, diziam que tinha que voltar a casa dela e descobrir
mais sobre tudo isso.
Encontrou-a exatamente como no dia anterior, dormindo de
bruços com os cabelos espalhados sobre o travesseiro. Não quis assustá-la e
provocar outro ataque daquela felina, então sentou-se na cama e, acariciando
seus cabelos disse: “Lívia, acorde, sou
eu seu amigo Bernardo.” Calmamente Lívia virou-se olhando para os olhos de
Bernardo. Um cheiro doce e inebriante espalhou-se pelo quarto. Tendo se
alimentado na noite anterior, Lívia não tinha feições de gata. Parecia
exatamente como sempre foi, a não ser pelo perfume no ar. Bernardo tinha muitas
perguntas a fazer, mas aquele cheiro o embriagava, era um visgo invisível, mas
irresistível. Olhando profundamente nos olhos de Lívia, aproximou seu rosto do
dela e a beijou. Lívia também não via como resistir, e correspondeu. Bernardo
puxou o lençol que a cobria; ela estava completamente nua. Afoito, tirou suas
roupas e deitou sobre Lívia, que não fez nenhum movimento no sentido de
impedi-lo. O desejo era forte e mútulo. Como se estivessem hipnotizados e
embriagados, fizeram amor até que ambos se sentissem plenos.
“Cheguei aqui cheio de
perguntas e não posso ir embora sem as respostas. Desde quando você tornou-se a
felina que me atacou ontem? Quem te fez isso e por quê?” Lívia não conseguiu segurar as
emoções contidas; as lágrimas corriam-lhe o rosto torrencialmente. “Não foi escolha minha. Um homem chamado
Cirus me transformou nesta aberração. Não estou mais viva da forma como era
antes. Meu corpo físico necessita se alimentar de outras vidas. Não tenho
forças para lutar contra meus novos instintos; sou uma assassina. Daqui àlgumas
horas estarei novamente faminta, este corpo ficará fraco até desaparecer e precisarei
matar novamente.” Bernardo sofria vendo o sofrimento de Lívia. “E como isso pode ter fim?” perguntou
Bernardo. “Assim que eu matar você. Esta
é a minha missão. Mas estou condenada; porque te amo e não posso fazer isso.”
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