sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Episódio 11

Os acontecimentos dos últimos dias tomavam conta da mente de Bernardo tirando-lhe completamente o sossego. Só havia uma maneira de esclarecer aquilo tudo, e a chave era Lívia. Ele sabia que coisas muito estranhas estavam acontecendo, que Lívia não era a mesma, e que talvez estivesse realmente correndo algum tipo de risco perto dela, mas a curiosidade e algo mais inexplicável, diziam que tinha que voltar a casa dela e descobrir mais sobre tudo isso.  
Encontrou-a exatamente como no dia anterior, dormindo de bruços com os cabelos espalhados sobre o travesseiro. Não quis assustá-la e provocar outro ataque daquela felina, então sentou-se na cama e, acariciando seus cabelos disse: “Lívia, acorde, sou eu seu amigo Bernardo.” Calmamente Lívia virou-se olhando para os olhos de Bernardo. Um cheiro doce e inebriante espalhou-se pelo quarto. Tendo se alimentado na noite anterior, Lívia não tinha feições de gata. Parecia exatamente como sempre foi, a não ser pelo perfume no ar. Bernardo tinha muitas perguntas a fazer, mas aquele cheiro o embriagava, era um visgo invisível, mas irresistível. Olhando profundamente nos olhos de Lívia, aproximou seu rosto do dela e a beijou. Lívia também não via como resistir, e correspondeu. Bernardo puxou o lençol que a cobria; ela estava completamente nua. Afoito, tirou suas roupas e deitou sobre Lívia, que não fez nenhum movimento no sentido de impedi-lo. O desejo era forte e mútulo. Como se estivessem hipnotizados e embriagados, fizeram amor até que ambos se sentissem plenos.
“Cheguei aqui cheio de perguntas e não posso ir embora sem as respostas. Desde quando você tornou-se a felina que me atacou ontem? Quem te fez isso e por quê?” Lívia não conseguiu segurar as emoções contidas; as lágrimas corriam-lhe o rosto torrencialmente. “Não foi escolha minha. Um homem chamado Cirus me transformou nesta aberração. Não estou mais viva da forma como era antes. Meu corpo físico necessita se alimentar de outras vidas. Não tenho forças para lutar contra meus novos instintos; sou uma assassina. Daqui àlgumas horas estarei novamente faminta, este corpo ficará fraco até desaparecer e precisarei matar novamente.” Bernardo sofria vendo o sofrimento de Lívia. “E como isso pode ter fim?” perguntou Bernardo. “Assim que eu matar você. Esta é a minha missão. Mas estou condenada; porque te amo e não posso fazer isso.”

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