Durante o jantar os três hóspedes traçavam planos para
emboscar e eliminar Lívia. Raquel e Bernardo se entreolhavam e ouviam tudo sem
opinar. Mesmo sabendo da gravidade dos fatos que estavam para ocorrer, havia
uma dualidade de pensamentos. Lívia era uma amiga fiel, há algum tempo conhecia
a condição de ambos e guardava o segredo. Além disso, Bernardo pode presenciar
o sofrimento de Lívia. Ela tinha sido sincera com ele, contou que a missão que
lhe foi incumbida não foi escolha sua, a vida nos moldes comuns foi-lhe tirada,
para viver precisava tirar a vida de outro ser, e se quisesse voltar a sua
condição anterior precisava matar o homem que amava. “Amor... por que ela não havia dito nada?” Bernardo perguntava a si
mesmo tentando entender. Nunca percebeu nada. Até Raquel teve presságios deste
amor. Bernardo olhava para Raquel com medo e tristeza. Desde que estavam juntos
acreditava que ela era a mulher de sua vida – ou a loba de sua vida – e continuava
a acreditar nisso. Tinha por ela um profundo amor. Também tinha medo que ela de
alguma maneira tivesse pressentido o que ocorreu entre ele e Lívia. Não queria
vê-la sofrer e, com certeza, ela sofreria se soubesse. Mas, seus pensamentos
eram incoerentes. Lívia não saía de seu pensamento um só segundo. O que sentiu
foi forte e o surpreendeu; não tinha como lutar.
“Esperem. Conhecemos
todos os riscos, mas Lívia é nossa amiga. Conhecemos sua índole e seu caráter.
Ela é tão vítima quanto nós. Deve haver algum jeito de resolver isso sem precisar
matá-la.” Disse
Raquel de forma imperativa. “Não
precisamos matá-la, ela já morta. É uma criatura assassina apenas. Precisamos aniquilar
inclusive sua forma espectral. Ela não é mais a amiga de vocês. Não se prendam a
esta ilusão.” Disse Sebastian meio exaltado.
Havia um mal-estar no ar, o clima começou a ficar meio
hostil. A alcateia titubeava. Faltava-lhe um líder; o macho alfa. Bernardo era
o herdeiro de Arkan, mas ainda não era um líder, era um aprendiz.
Fenris assistia a tudo. Não podia deixar o grupo
desunido. Tinha que liderar a alcateia. O interfone toca.
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