terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Episódio 27


Lívia havia voltado para Santos e estava bem mais voraz e perigosa. Kara continuava sugerir os melhores recrutas para integrar o exército de Freya, e Lívia, agora sob o domínio mental de Moloch, não tinha mais forças para suportar sua fome. Já não ficava espectral há algum tempo e não se importava mais com isso. Havia voltado para sua casa, saía apenas à noite para se alimentar, preferencialmente daqueles que frequentavam os cais do porto. 


O dia já estava amanhecendo quando Lívia voltou para casa. Suas roupas ainda tinham respingos do sangue de sua última vítima. Sentia-se saciada, enquanto apreciava sua própria imagem no espelho. Agora carregava no pescoço o colar que havia ganhado do anão Alberich. A beleza daquela joia era única. O magnífico topázio era suspenso por uma corrente de ouro com um trançado único. Lívia era capaz de ficar admirando aquela joia por horas, assim como os homens também se perdiam em seus próprios desejos e pensamentos, hipnotizados pela beleza e pela sedução que aquela mulher era capaz de exercer sobre eles. 


Ela tirou suas roupas sujas de sangue e acomodou-se languidamente sobre a cama, vestindo apenas o colar. Logo adormeceu. Era apenas neste momento que conseguia pensar livremente. Em seus sonhos Moloch não podia dominar seus pensamentos, em contrapartida era obrigada a encarar aquele abominável demônio de frente. 

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Episódio 26

Alberich estava reunido com a alcateia. “Meus caros, como vocês sabem, nós, os anões de Asgard, somos a excelência na forja de metais. Usamos dessa nossa habilidade e da alquimia conseguida com a mais nobre flora encontrada na Mata Atlântica para fazer este elmo. Estou entregando-o a vocês para que convençam Lívia a usá-lo. Este elmo tem o poder de anular a influência de Moloch sobre a mente de Lívia. Somente assim teremos alguma chance no Ragnarok.”

“Mas como faremos isso? Lívia é um animal assassino sendo guiada por um demônio!” Marie estava preocupada.

“Agora será o momento de usarmos as armas que nossa pai Fenris nos deu.” Disse Lui a seus irmãos. “Usarei meus poderes para hipnotizar Lívia, enquanto Sebastian a amarra com suas correntes de seda. Assim que ela estiver totalmente detida, Marie coloca o elmo em sua cabeça. Não há como dar errado!”

“Excelente ideia! Sabia que vocês eram muito astutos. Mas preciso comunicar-lhes que Asgard é regido por leis de compensação. Antes de lhes entregar este elmo magnífico, entreguei a Lívia o colar mágico de Freya. Ele tem o poder de reforçar ainda mais os poderes psíquicos da felina, fazendo-a exercer o poder da lua cheia sobre os homens e sobre os lobos. Sua influência sedutora será ainda maior. Para não serem vítimas do caos que ela trará, os homens devem controlar suas próprias paixões.” Terminado seu recado Alberich simplesmente desapareceu.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Episódio 25

Bernardo corria sem rumo pela Mata. Ao olhar para seu lado direito deparou-se com figura peculiar de um anão, flutuando e acompanhando sua corrida. O estranho ser então falou com Bernardo. “Acalme-se meu amigo. Sua fúria é o que Moloch deseja.” Bernardo estava cego de raiva e não conseguia parar de correr. “Moloch fica mais forte à medida que a raiva daqueles a quem ele quer atingir aumenta. Se continuar, logo não terá mais como lutar contra ele, e ele alcançará seu objetivo, que é destruir você.” Aos poucos Bernardo foi diminuindo a velocidade de sua corrida até se deixar cair, completamente prostrado.
“E quem ou o que é você?” disse Bernardo sem nenhum entusiasmo. ”Sou Alberich, estou aqui para orientar você. Não é o momento de esmorecer. Você é um lobo ou um poodle? Temos muito que fazer para evitar um embate com Moloch no Ragnarok.” Ainda desanimado, Bernardo perguntou a Alberich: “Mas lutar pelo quê e para quê? Não tenho mais objetivos, nem expectativas, muito menos esperança.” O anão olhou Bernardo por cima das lentes de seus óculos. “Com Moloch dominando Lívia e liderando o exército de Freya os lobos não terão nenhuma chance, e se vocês forem exterminados todos os seres de Asgard que vivem aqui na Mata Atlântica estarão ameaçados de desaparecer definitivamente.”

Bernardo estava surpreso. “Então Lívia matou Raquel porque está sob o domínio de um demônio?” Neste momento a resposta veio na voz determinada de Raquel. “Sim, precisamos fazê-la retomar o comando de sua mente, serão estaremos perdidos.”

sábado, 26 de novembro de 2011

Episódio 24

Enquanto isso, nas profundezas da mente de Lívia...

Lívia caminhava por entre rochas pontiagudas que circundavam pequenas crateras cheias de lava incandescente quando se deparou com Moloch. Sua figura era assustadora, corpo de homem e cabeça de touro. Tinha o corpo atlético de um dourado escuro, longos chifres, sua face parecia mesmo a de um touro e tinha os olhos vermelhos incandescentes, como se estivessem queimando.

Com uma voz de trovão em noite de tempestade, o irônico demônio disse: “Desista Lívia. Você está sob o meu total domínio. Lutar só vai te levar à exaustão. Entregue sua mente por inteiro a mim.”

Desesperada Lívia tapou os olhos com as mãos, ouviu o barulho de uma cachoeira e ao abri-los lentamente viu ao seu lado a figura peculiar de Freya, a grande felina com asas de falcão. A semelhança com ela própria era grande, afinal era sua descendente. A voz macia e confiante de Freya fez com que seu coração voltasse a bater compassadamente. “Lute querida, lute pelo que acredita, lute pelo seu amor. Não desista e será coroada de êxito.”

As águas claras da cachoeira viraram lava. Pelo meio da cachoeira saiu a figura de Moloch, gargalhando como um trovão.  

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Episódio 23

Enquanto Raquel agonizava nos braços de Bernardo, ele sentia-se culpado por ter sucumbido. Foi hipnotizado por aquela felina; não teve forças para evitar. O desespero tomava conta dele. Os pelos da face de Bernardo começavam a desaparecer e lágrimas brotavam de seus olhos. Elas gotejavam sobre o peito ferido de morte de sua amada. A respiração de Raquel tornava-se mais espaçada, até parar definitivamente depois de um profundo soluço.

Bernardo foi tomando consciência da insanidade que acabava de fazer. Acomodou delicadamente o corpo de Raquel no chão e com o coração tomado de um ódio incontrolável partiu à procura de Lívia.

Raquel ficou deitada sobre a terra úmida da Mata, e sem            que ninguém pudesse presenciar, as profundas perfurações feitas pelas garras de Lívia em seu peito começaram a cicatrizar. As lágrimas de Bernardo, milagrosamente, tiveram um poder curativo no corpo de sua amada. Ela abriu os olhos, levantou-se calmamente, e na forma de uma loba, partiu à procura de Bernardo.

domingo, 20 de novembro de 2011

Episódio 22


Bernardo agora tinha poderes que ele mesmo não conhecia. Era o lobo alfa, e sua missão evitar a extinção da alcateia. Sabia onde Raquel estava e sabia também que aquilo era uma emboscada, mas não podia deixar que sua loba continuasse enjaulada.

Escondido na mata, Bernardo viu Lívia na frente da jaula, asas fechadas como um pássaro que dorme. Armou o bote, e saltou sobre Lívia que não manifestou nenhuma reação. Antes que pudesse cravar seus dentes e suas garras nela sentiu aquele perfume doce e inebriante novamente, e isso o deixou sem reação. A fúria deu lugar à libido. A atração que tinha por aquela criatura era mais forte que sua capacidade de discernimento.  

A respiração de ambos começou a se alterar. Exalavam feromônios. O lobo uivou e a felina enroscou-se nele como uma gata dengosa. O lobo estava acomodando-se sobre Lívia quando Raquel tomada por uma fúria inexplicável quebrou a jaula e saltou sobre eles. Lívia deixou com que as garras felinas ficassem expostas cravando as unhas no peito da Loba.

Com os olhos vermelhos, Lívia abriu as asas e foi embora. Com uma grande hemorragia Raquel voltou à forma humana e nos braços também humanos de Bernardo ela agonizava.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Episódio 21

Na floresta, em algum lugar bem próximo ao litoral, Raquel foi colocada dentro de uma jaula. Estava tão nervosa que não conseguia ficar na forma humana. A loba de pelos avermelhados dava voltas em círculos e uivava demonstrando todo seu ódio. Do lado de fora, Kara, a valquíria, tomava conta da refém. Lívia aproximou-se da jaula e com um sorriso irônico disse: Não perca seus últimos dias de vida com tanta irritação. "Bernardo jamais terá a chance de te resgatar. Você é a isca, Bernardo o objetivo. Mas nenhum dos dois sairá vivo do Ragnarok."
Depois de algumas horas Raquel deitou-se e voltou à forma humana. Quando estava começando a pegar no sono teve uma visão. Nela Lívia estava hipnotizada por Cirus num ritual de adoração a Moloch, um demônio muito poderoso.
Raquel acordou e viu Lívia parada uns metros adiante, como uma estátua, olhos e asas fechadas, como se dormisse. Sussurrando, Raquel se dirigiu a Lívia: "Eu sei que esta não é você. Moloch domina sua mente. Ele quer nos destruir usando você, mas conheço a sua essência. Aquela que guardou nosso segredo durante tanto tempo, nos aceitou e nos compreendeu não seria capaz de tamanha traição, ou seria? Que motivos você tem para nos odiar? Eu sim, tenho todos os motivos para te odiar. Você foi dissimulada. Amou o meu homem, o meu lobo, enquanto se fazia passar por minha amiga."
Lívia levantou a cabeça mostrando suas pupilas verticais envoltas pelo cristalino vermelho. "Cale a sua boa, senão morrerá antes mesmo do planejado." Momentaneamente os olhos de Lívia voltaram a ser azuis, ela baixou a fronte e lágrimas escorreram por sua face. Lágrimas que caíam ao chão transformando-se em pequenas pepitas de ouro.